Segunda-Feira, 09 de Junho de 2025 @ 2b2n5g
Entenda por que rádios grandes e pequenas precisam usar dados para orientar decisões e aumentar resultados, com análise de Fernando Morgado
Não estou falando de uma lógica restrita às grandes redes ou às capitais medidas pelas pesquisas regulares de audiência. Inclusive as pequenas e médias emissoras, mesmo as que estão em cidades sem aferições regulares, também têm o a números importantes. O rádio está em diversas plataformas e cada uma delas gera dados que precisam ser coletados, organizados, analisados e usados para aperfeiçoar a atuação comercial e o conteúdo.
Como trabalhar com dados mesmo sem pesquisa regular?
Quem não está em regiões medidas pela Kantar IBOPE Media pode (e deve) observar os números vindos, por exemplo, da internet. Além disso, existem relatórios públicos, como os da própria Kantar IBOPE Media, da Edison Research, do Pew Research Center, entre outros, que sempre trago para discussão nas minhas redes sociais. São dados que, com o devido contexto, ajudam a projetar o comportamento da audiência.
O problema é que ainda há um minúsculo grupo que prefere negar essa realidade. Alguns alegam que só os dados da sua cidade interessam, como se o rádio operasse isolado do restante do mercado. Isso não faz o menor sentido. Eu trabalho também com outros negócios além da radiodifusão, como streaming e laboratório farmacêutico, e em todos eles os dados internacionais são observados com atenção. Eles ajudam a antecipar tendências, entender transformações e desenhar cenários futuros. Por que só no rádio ainda há quem negue o mundo?
Por que olhar para os dados de fora do Brasil?
É inacreditável ver profissionais que se dizem defensores do rádio ignorando dados do exterior. O nosso modelo de rádio — tanto no conteúdo quanto na estrutura comercial, regulatória e tecnológica — é fortemente baseado no dos Estados Unidos. E mesmo a Europa, onde as emissoras públicas são muito relevantes, oferece exemplos valiosos, especialmente na relação entre rádio e plataformas digitais.
Sem falar nos nossos vizinhos aqui na América do Sul. A Argentina, por exemplo, tem números impressionantes: segundo a Kantar IBOPE Media, o rádio alcança semanalmente 99% da população da região metropolitana de Buenos Aires. São contextos diferentes, é claro, mas que oferecem pistas e inspirações preciosas.
O que muda ao colocar os dados no centro da gestão?
Quando uma emissora a a colocar os dados no centro da sua operação, ela ganha clareza. Fica mais fácil entender o que funciona, o que precisa ser ajustado, e onde estão as oportunidades, abandonando meros gostos pessoais que aproximam a programação do ego de quem está na gestão e afastam dos resultados positivos. Isso vale para a programação, para a comunicação com o público e, principalmente, para a área comercial. Números bem analisados mostram valor. E é isso que o mercado enxerga: entregas consistentes, respaldadas por fatos.
O rádio precisa, de uma vez por todas, assumir a análise de dados como parte da cultura de gestão. Isso começa com o olhar atento, com a organização de informações que já existem e com a disposição de aprender a usá-las. Uma consultoria especializada ajuda muito nesse sentido.
O rádio não pode ficar refém de achismos nem da resistência de quem se recusa a olhar além do próprio quintal. Trabalhar com dados é investir na continuidade do meio, especialmente diante de outras plataformas que fabricam números o tempo todo. É reforçar o seu papel estratégico para o Brasil e garantir que as emissoras, grandes ou pequenas, tomem decisões com base em algo concreto. Isso não engessa a criatividade, pelo contrário: a direciona com mais inteligência. E o rádio, que sempre foi sinônimo de adaptação, deve estar pronto para isso.